Comportamento de consumo: qual a relação da sua infância com isso?

Atualmente, vivemos em uma sociedade na qual o consumo se tornou protagonista. Nas últimas duas décadas, o mundo viu a expansão da internet, das compras online e o  fenômeno da tecnologia e dos dispositivos eletrônicos. 

Os avanços no poder de compra da população e o acesso a bens fez alterações profundas no comportamento de consumo das pessoas.

Não são poucas as pessoas que dizem não praticar um consumo consciente no Brasil. De acordo com uma pesquisa veiculada em 2018 pelo Instituto Akatu, 76% de homens e de mulheres com mais de 16 anos assumiram que não têm um comportamento de consumo consciente. 

Resumindo: boa parte da população economicamente ativa no Brasil gasta de forma desmedida.

E se engana quem pensa que esse tipo de hábito não reflete nas próximas gerações, ou seja, nas crianças de hoje. Durante a infância, somos altamente influenciados por padrões e comportamentos adotados pelos nossos familiares e pessoas ao nosso redor. 

Por esta razão, é fundamental ter em mente que a forma como consumimos possui raízes nas experiências colhidas ainda na infância. Debater este tema e refletir sobre seus impactos nos pequenos é muito importante para cultivar dentro dessa nova geração de consumidores os conceitos de consumo. 

Nesse artigo, você vai saber um pouco mais sobre os conceitos de comportamento de consumo, os fatores que podem influenciar os hábitos infantis e adultos, e qual o papel dos pais no desafio de educar seus filhos para serem pessoas mais conscientes no consumo. 

O que é comportamento de consumo? 

O comportamento do consumidor é estudado para entender os fatores que influenciam na decisão de adquirir ou não um produto ou serviço. Este tema combina elementos e estudos científicos de diferentes áreas, tais como:

  1. Psicologia;
  2. Sociologia;
  3. Economia;
  4. Antropologia.

O estudo do comportamento de consumo procura respostas para os padrões adotados pelos diferentes grupos sociais na hora de gastar seu dinheiro, buscando analisar quais são os produtos mais adquiridos, o que influencia a tomada de decisão e qual é o poder da sociedade e das pessoas ao redor sobre as escolhas de consumo de uma pessoa.

A análise é feita com base em estudos demográficos e comportamentais, afinal, esses dados (colhidos em pesquisas de campo, análise de dados de compras, etc) permitem traçar padrões e compreender como cada grupo de indivíduos faz uso de suas finanças, especialmente para consumo.

Este tema não é novo. O estudo do comportamento de consumo é feito há décadas; a grande diferença é que as mudanças socioeconômicas vividas por nós trouxe impactos significativos. A primeira delas tem a ver com o poder econômico das crianças. 

Como o comportamento de consumo afeta as crianças nos dias de hoje?

Algumas crianças têm acesso a dinheiro, possuem uma reserva pessoal e ganham mesada. Sendo “donas do seu próprio dinheiro”, elas ganham certa autonomia para decidir sobre os gastos, e aí vem a maior preocupação: os fatores que influenciam suas decisões.

Estamos falando de um grupo de pessoas que são muito influenciáveis, tanto pelos produtos da mídia que consomem quanto pelos hábitos presentes em seu círculo social. 

Portanto, discutir a forma como as crianças consomem nos dias de hoje é um debate que envolve fatores de influência e a importância dos pais na educação de consumo

A forma como as crianças encaram o uso do dinheiro e a aquisição de bens e produtos será carregada por elas ao longo da vida e, com isso, os riscos de se tornarem adultos incapazes de analisar com consciência as formas de utilizar suas finanças, poupar, investir e, claro, gastar, aumentam. 

É por isso que este assunto é tão importante. É preciso educar os pequenos para que eles sejam uma geração mais responsável. Isso já é debatido em outras esferas, como no caso da consciência ambiental e alimentação saudável. 

Temas como consumo precisam fazer parte da educação das crianças e, para que isso seja possível, é preciso entender também os fatores que levam os pequenos a criarem seus desejos de consumo e formas de pensar sobre dinheiro. 

Fatores que podem influenciar no comportamento de consumo infantil

Alguns fatores que determinam o comportamento de consumo das crianças envolvem tecnologia e, principalmente, o ambiente em que elas vivem

É inegável que as crianças sofrem influências de todos os lados. Por se tratar de “pequenas esponjas de conhecimento”, é preciso ter em mente que os pequenos estão absorvendo diferentes informações de formas completamente distintas. 

Um diálogo entre os pais, uma propaganda de TV, uma conversa com os amiguinhos da escola: tudo isso gera percepções e pensamentos, que ao longo do tempo contribuem para a formação do jeito como as crianças encaram o mundo e elaboram suas opiniões.

Por esta razão, é preciso olhar com atenção para os principais fatores que influenciam em suas vidas e, por consequência, em seu comportamento de consumo. 

1. Mídia e tecnologia

As crianças estão cercadas de conteúdo por todos os lados. Tablets, celulares e computadores dão acesso a um gigantesco universo de informações.

Mesmo em conteúdos apropriados para a idade deles, existem diversas influências de consumo: Youtubers, canais infantis e até eventos voltados para as crianças possuem diversas tentações.

Para se ter ideia de como a mídia é algo que preocupa os especialistas em consumo infantil, existem regras dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que abordam o tema da publicidade voltada para as crianças

Atualmente, as propagandas de brinquedos focadas no público infantil não estão presentes nos canais de TV aberta e são proibidas de usar frases de influência como “peça para a mamãe”. 

Apesar dessas mudanças, ainda há muito a ser debatido e regulamentado, especialmente em um contexto no qual as crianças estão consumindo muito mais conteúdo de internet (como canais do Youtube), e dentro dessas peças de mídia há muita influência de consumo.

2. Hábitos familiares

Consumir, comprar coisas novas é sempre algo legal e interessante, ainda mais na infância onde tudo é novidade e divertimento.

O primeiro ponto para discutir o comportamento de consumo nas crianças é olhar para o exemplo que vem de dentro de casa. Os adultos também precisam refletir sobre seus hábitos de consumo, tanto pela influência quanto pela possibilidade de eliminar gastos desnecessários e obter formas de poupar e investir.

3. Fácil acesso a tudo que quer

Famílias com uma boa condição econômica não costumam medir esforços para agradar crianças e fazer parte de suas vontades. Em alguns núcleos familiares, as crianças são o centro das atenções, ganham muitos presentes e consomem praticamente tudo aquilo que pedem.

Esse tipo de hábito também auxilia na distorção da realidade, na capacidade de perceber que certos bens de consumo e desejos não são acessíveis o tempo todo. Isso mexe não apenas com a questão do querer, mas também com a consciência de que nem tudo é obtido com facilidade.

É certo que muitos pais usam frases como “papai não tem dinheiro agora” para evitar comprar tudo o que as crianças querem, porém, sempre é interessante se manter atento em como os responsáveis (e também os parentes próximos) garantem o acesso das crianças ao que elas desejam.

Não se trata de reprimir toda e qualquer tentação de consumo, mas sim de dialogar com elas sobre a facilidade/dificuldade de acesso ao que elas querem. O diálogo é fundamental para educar sobre temas que são tão complexos para as crianças. 

4. Realidade socioeconômica 

Que a condição socioeconômica da família influencia o comportamento de consumo infantil já sabemos. Mas independente do poder aquisitivo da família, é preciso refletir sobre este tema.

Um levantamento feito em 2017 pelo Boa Vista SCPC demonstrou que as classes D e E compunham 80% dos endividados com cartão de crédito, que possui uma das taxas de juros mais altas do mercado. 

Esse dado demonstra que, mesmo em famílias nas quais o uso consciente de renda é importante para não comprometer a situação financeira de todos os membros, há muito o que se debater sobre comprar com responsabilidade e endividamento excessivo, que são perigos reais para a formação do perfil de consumo das crianças. 

5. Relação com amigos

Amigos que têm tudo o que desejam, estão sempre com itens caros ou da moda podem fazer com que um desejo de consumo impulsivo e exagerado seja despertado nas crianças. Por esta razão, é importante dialogar sobre as diferentes realidades familiares e explorar este assunto em uma conversa franca. 

Consumo consciente: como abordar este assunto com as crianças?

O comportamento de consumo das crianças é definido, entre outras coisas, pela frequência e pela maneira com que os pais lidam com assuntos como administração do dinheiro. Fonte: Today Show

A relação entre trabalho e remuneração pode ser complicado de explicar para as crianças, especialmente até os 10 anos. O papel dos pais não é apresentar as contas familiares e mostrar às crianças os valores disponíveis para compras. A real responsabilidade é educar sobre o valor do dinheiro.

Conforme a criança fala quais são seus desejos, é importante que os pais ponderem os pedidos e, principalmente, tenham um diálogo (adequado ao discurso das crianças, claro) para explicar mais sobre o que é acessível e o que não é.

Um jeito bem interessante de auxiliar a criança a se tornar um consumidor consciente é fornecendo a ela uma quantia de dinheiro para que elas administrem. Lidar com esses valores ensina sobre possibilidades, necessidades de economizar e sobre o tempo necessário para guardar uma quantia desejada para obter certo produto.

São atitudes como essas que auxiliam os pais a desenvolver nas crianças um comportamento de consumo menos nocivo e mais adequado à realidade. 

O que elas aprendem durante a infância se torna um legado. Pequenas lições de educação financeira e consumo consciente ficam armazenadas na mente das crianças e ajudam a moldar seus hábitos em relação ao dinheiro. 

Os pais devem apostar em muito diálogo, ensinamentos sobre responsabilidade e, claro, em hábitos saudáveis de consumo. Assim, as próximas gerações estarão mais preparadas para lidar com as finanças pessoais, fazendo melhor uso dos recursos e consumindo de maneira mais consciente. 

Publicado por Fernanda Benevides

Formada em Comunicação Social pela ESPM-SP, atua como Head da área de Growth Marketing, na Sim, desde 2019, liderando as equipes de SEO, CRM, Mídia, Conteúdo e BI. Com trajetória profissional de mais de dez anos em marketing digital, atuou em diferentes indústrias, como varejo, bens de consumo e educação, em projetos focados na aquisição e rentabilização de clientes.

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