| Cheque Especial: entenda o que é, como funciona e o que fazer para não perder seu dinheiro
Você abre o extrato do seu banco e lá está ele, belo, chamando para ser usado.
Sim! O Cheque Especial.
Um dos maiores motivos de endividamento do brasileiro. Será que ele é um vilão?
Será que ele é a melhor opção? Afinal, o que é o Cheque Especial? Como lidar com ele?
Hoje a gente vai explicar tudo, sem enrolação, para ajudar você a organizar suas finanças.
O que é o Cheque Especial?
O Cheque Especial é uma linha de crédito pré-aprovada que o seu banco disponibiliza, na maioria das vezes, quando se abre uma conta, mesmo que você não tenha pedido.
Em outras palavras, é um empréstimo previamente liberado pelo banco que não depende de análises de crédito ou garantias para você usar a qualquer momento.
Esse limite serve principalmente para imprevistos e deve ser utilizado de maneira temporária, quando não houver saldo suficiente em conta para pagamentos, saques, entre outros.
Para que serve o Cheque Especial?
Como antecipamos, a ideia do Cheque Especial é você ter um dinheiro extra para uma possível emergência.
Por exemplo: imagine que nesse mês a conta de luz veio mais cara do que você imaginava.
Normalmente fica em torno de 100 reais, mas chegou a 150 reais.
Na sua conta você tem um saldo de 100 reais para pagar a luz.
Então, para não deixar de pagar a conta (e correr o risco de ficar sem energia elétrica), você usa 50 reais do Cheque Especial para cobrir o que falta.
Cheque Especial, um dinheiro que não é seu
A armadilha está justamente no fato de “contar” com aquele dinheiro como parte da sua renda, quando na verdade não é.
É comum e tentador ver aquele valor dando sopa na conta e logo pensar em fazer uma compra, mais cara do que o saldo que se tem no banco.
Por isso, é muito importante entender que o Cheque Especial é um dinheiro do banco.
O banco está emprestando para você e, por isso, vai cobrar juros.
Não significa que você não possa usar o Cheque Especial, mas sim que você precisa ter consciência de que os valores da dívida com o banco precisam estar dentro do seu planejamento financeiro.
Os juros do Cheque Especial são altos, mesmo com o teto estabelecido pelo Banco Central em 2020 que limita a cobrança à de 8% ao mês (151,8% ao ano) para pessoa física. Resumindo: o Cheque Especial é uma opção de crédito para emergências, não para cobrir despesas do dia a dia.
Os juros do Cheque Especial
O Cheque Especial é um crédito fácil de conseguir.
Afinal, ele já é pré-aprovado na sua conta.
Só que essa facilidade não é de graça.
Os juros podem chegar a 151,8% ao ano para pessoas físicas e mais de 400% ao ano para pessoas jurídicas (então, cuidado, se você é MEI e usa sua conta jurídica do banco com Cheque Especial, pode entrar numa fria).
Veja a tabela abaixo. Ela tem a média de taxas de juros anuais das três mais caras modalidades de crédito do Brasil para pessoas jurídicas.
Tipo de crédito | Juros ao ano (média) |
Rotativo do cartão de crédito | 323% |
Parcelamento do cartão de crédito | 300% |
Cheque Especial | 127% |
Importante saber: em janeiro de 2020, o Banco Central definiu um teto para a taxa de juros do cheque especial.
Os juros máximos são de 8% ao mês e 151,8% ao ano.
Ainda assim, dependendo da sua necessidade, é uma taxa bem alta em comparação a alternativas disponíveis no mercado.
Além dos juros, pode ter taxas.
É importante você saber que o seu banco pode cobrar taxas bancárias pelo uso do seu Cheque Especial.
Além disso, também tem o custo de um imposto, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Ou seja, usar o seu limite pode ser mais caro do que você imagina.
Por isso, redobre a atenção!
Como calcular os juros do Cheque Especial
Os juros do Cheque Especial são os valores que o banco cobra por emprestar dinheiro para você.
Os juros são aplicados com base nos valores e tempo que sua conta ficou negativa.
Conheça a fórmula para calcular os juros do Cheque Especial:
Juros = Valor financiado x taxa de juros ao mês x tempo em dias
⠀⠀⠀⠀⠀⠀___________________________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Para ficar claro, a gente precisa de 3 informações para fazer a conta:
- A taxa de juros, que precisa estar em formato decimal. É só dividir o percentual de juros por 100 (por exemplo: se for uma taxa de 12%, 12 dividido por 100 é igual a 0,12);
- O valor financiado, ou seja, o valor que sua conta ficou negativa; e
- O tempo em dias que a conta ficou negativa nesse valor.
Vamos para a prática para ficar mais fácil? Veja os exemplos:
Exemplo 1
Imagine que você ficou com a conta negativa em 500 reais por um período de 20 dias. O seu banco, cobra uma taxa de juros de 7,5% ao mês. Então:
- Taxa de juros: 7,5%, ou 0,75 em decimal
- Valor financiado: 500 reais
- Tempo negativo: 20 dias
Juros = 500 (reais) x 0,075 (juros) x 20 (dias)
⠀⠀⠀⠀⠀⠀_________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 750
⠀⠀⠀⠀⠀⠀____
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 25
Neste exemplo 1, você pagaria 25 reais para o banco por ter utilizado o Cheque Especial, com esse valor e por esse período.
Exemplo 2
Este exemplo é para você entender o mecanismo do dia a dia durante um mês.
É comum a conta ficar negativa e positiva várias vezes durante o mês.
O banco vai fazer o cálculo do que você tem que pagar levando em conta o período e o valor negativo naquele período.
Imagine a seguinte situação durante um mês.
Sua conta está zerada, mas não está negativa.
Então:
- No dia 5 você recebe um salário de R$ 3000;
- Dia 5, já paga uma conta de R$ 1000 do aluguel;
- No dia 9, paga o cartão de crédito, R$ 2500;
- No dia 15, recebe um depósito em dinheiro por um trabalho extra que faz: R$ 1200
- Dia 18, faz um pagamento do IPVA à vista: R$ 1800
- No dia 25, faz o pagamento do boleto do carro: R$ 500
- Dia 30, entra um depósito de um empréstimo que você fez para um amigo e ele pagou: R$ 2000
Vamos ver em uma planilha para descomplicar?
Data | Descrição | Débito | Crédito | Saldo |
Dia 5 | Recebimento do salário | R$ 3.000 | R$ 3.000 | |
Dia 5 | Pagamento do aluguel | R$ 1.000 | R$ 2.000 | |
Dia 9 | Pagamento do cartão de crédito | R$ 2.500 | – R$ 500 | |
Dia 15 | Depósito pelo trabalho extra | R$ 1.200 | R$ 700 | |
Dia 18 | Pagamento do IPVA | R$ 1.800 | – R$ 1.100 | |
Dia 25 | Pagamento do boleto do carro | R$ 500 | – R$ 1.600 | |
Dia 30 | Depósito pagamento empréstimo para amigo | R$ 2.000 | R$ 400 |
A gente precisa de 3 dados, para fazer a conta, lembra: a taxa de juros, o valor e o tempo negativado. A taxa a gente já tem, 7,5% ao mês.
Acontece que agora temos 3 períodos negativados e valores diferentes para cada um deles. Vamos ver a tabela:
Período | Saldo negativo | Dias negativos |
Dia 9 ao dia 15 | R$ 500 | 6 |
Dia 18 ao dia 25 | R$ 1.100 | 7 |
Dia 25 ao dia 30 | R$ 1.600 | 5 |
Agora é só aplicar aquela fórmula para cada período:
Período 1
Juros = 500 (reais) x 0,075 (juros) x 6 (dias)
⠀⠀⠀⠀⠀⠀_________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 225
⠀⠀⠀⠀⠀⠀____
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 7,5
Período 2
Juros = 1.100 (reais) x 0,075 (juros) x 7 (dias)
⠀⠀⠀⠀⠀⠀_________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 495
⠀⠀⠀⠀⠀⠀____
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 19,25
Período 3
Juros = 1.600 (reais) x 0,075 (juros) x 5 (dias)
⠀⠀⠀⠀⠀⠀_________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 495
⠀⠀⠀⠀⠀⠀____
⠀⠀⠀⠀⠀⠀30
Juros = 20
Portanto, teoricamente, naquele mês você pagaria, pelo uso do Cheque Especial, 46,75. Porém, ainda há o acréscimo do IOF e, dependendo do banco, taxas pelo uso do serviço.
Cheque Especial: não é para virar bola de neve
O exemplo que mostramos acima retrata uma situação em que o uso do Cheque Especial é necessário e praticamente emergencial. Inclusive, no final do mês o saldo acabou ficando positivo.
Porém, há os casos em que o Cheque Especial, junto com o Cartão de Crédito, se torna o vilão que corrói o dinheiro do bolso. Isso acontece quando o dinheiro que entra não consegue superar o dinheiro que sai. Aí, mais e mais as dívidas começam a ficar acumuladas e a bola de neve vira uma avalanche sem controle.
Alternativa ao Cheque Especial
Uma das melhores formas de sair do vermelho e parar de usar o Cheque Especial para colocar as contas em dia é encontrar alternativas com juros mais baixos e maiores facilidades para pagar.
Então, qual é a estratégia?
É simples! Como as taxas mensais do Cheque Especial chegam a 8%, você precisa de uma opção que seja bem mais em conta do que isso. A Sim, por exemplo, tem as melhores taxas do mercado. Então, é só seguir esse passo a passo:
- Negocie sua dívida com o banco
Fale com o seu gerente. O banco quer receber o dinheiro que emprestou para você com o Cheque Especial. Por isso, você pode conseguir boas condições para quitar a dívida se pagar à vista. - Faça um empréstimo com a Sim
Além de conseguir ótimas taxas (melhores ainda se você fizer um empréstimo com veículo como garantia – que chega a ser até 80% mais barato), você tem parcelas que cabem no bolso e a segurança de uma instituição pertencente ao Grupo Santander. - Pague a dívida à vista
Pague o banco à vista e, a partir de agora, procure usar o Cheque Especial apenas para situações muito emergenciais.
Dinheiro extra mais barato que Cheque Especial
Se você precisar de crédito para alguma emergência, há opções melhores e mais baratas que o seu banco. É só falar com a gente. Faça uma simulação e comprove.